Giovanni Dazzo e Gregory Thaler têm participação especial na aula de Metodologia de Pesquisa do PPGAA

Na quarta-feira, dia 10 de maio, os Professores Giovanni Dazzo e Gregory Thaler (ambos da Universidade da Geórgia - EUA) participaram de uma aula no âmbito da disciplina de Metodologia de Pesquisa, ministrada pelos Professores Mauricio Torres e Monique Medeiros (UFPA/INEAF/PPGAA), aos estudantes do Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas. A aula, no formato híbrido, foi sobre métodos de Pesquisa-ação Participativa (PAR). Na primeira parte da aula, Dazzo compartilhou suas experiências na condução de projetos de pesquisa-ação participativa, principalmente com comunidades indígenas na Guatemala, e apresentou diferentes métodos de PAR, tais como: “ripples of change, “card sorting” e “storytelling”.

Na segunda parte da aula, Medeiros e os estudantes, que são das turmas de mestrado e de doutorado de 2023, realizaram juntos um exercício de “ripples of change”, se pautando na seguinte questão de reflexão “Quais mudanças na UFPA serão necessárias para uma participação acadêmica mais efetiva na COP30?

Tendo em vista que Belém deve sediar a Conferência do Clima da ONU, em 2025, a discussão suscitou inúmeras sugestões. Na sequência, os estudantes utilizaram a técnica do “card sorting” para priorizar e organizar suas reflexões. Após as discussões, o grupo decidiu elaborar um documento para ser apresentado à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA, de modo a compartilhar as proposições desenvolvidas em sua prática metodológica.

Esta seção de aula híbrida contribuiu para a cooperação internacional contínua, entre estudantes e docentes da UFPA e da Universidade da Geórgia, que vem se materializando  no desenvolvimento de pesquisa participativa na Amazônia Brasileira.

Na última sexta-feira, 05 de maio, a disciplina “Mudanças Climáticas e a Amazônia” contou com a participação do Prof. Dr. José Guilherme da UFPA de Castanhal e da doutoranda Lene Andrade do Programa de Pós Graduação em Diversidade Sociocultural (PPGDS) do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). O debate teve como temática “Saberes tradicionais e mudanças climáticas na Amazônia”.

 

 

O Prof. Dr. José Guilherme pontuou a importância de compreendermos a “dinâmica planetária para entender o meio o qual se vive”, e abordou temas como os rios voadores, bomba biótica e antropoceno. Finalizou sua fala analisando o processo de ocupação histórica da região do nordeste paraense, citando a estrada de ferro Belém-Bragança como exemplo de atividade antrópica que “acaba e invisibiliza com saberes locais.” Ele enfatizou que a mesma lógica aplica-se para processos de ocupação contemporâneos para toda a região Amazônica, quando observa-se que o rastro de destruição medido por focos de queimadas está exatamente nas áreas de avanços da fronteira econômica desses modelos exógenos de ocupação, pautado na destruição da floresta, e na expropriação de população local de seus territórios.

A Doutoranda Lene Andrade apresentou resultados da sua pesquisa com populações de Territórios Quilombolas em Gurupá e Ourém.  No caso de Ourém, ela traz a perspectiva da meteorologia popular e seu uso em atividades produtivas na Comunidade Quilombola Mocambo em Ourém-PA. A pesquisadora utiliza conceitos como: cosmopolítica, etnociência atmosférica e cosmometeorologia. Seu trabalho foi publicado no ano passado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Volume 17 (2), 2022).

Em suma, nos foi relatado a relação das comunidades tradicionais com o clima, os saberes repassados entre as gerações para “detectar” períodos chuvosos ou de seca associados ao melhor momento para dar inícios aos plantios. Além disso, como as comunidades percebem os impactos das mudanças climáticas e adaptam suas dinâmicas de reprodução social. Relatos como o enfraquecimento da relação com a Mãe Terra, mudança nos meses para plantio, mudança nos horários de trabalho na roça devido ao sol quente, implicação na alimentação devido ao descontrole do tempo e potencial perda de produção surgiram como consequência das mudanças climáticas.

Por fim, Lene Andrade afirma a importância em se desmistificar a ideia de que o sistema de implantação de roça da agricultura familiar é prejudicial, essa falácia só fortalece o incentivo ao uso de maquinário na tentativa de moldar suas práticas a interesses externos.

Ela enfatiza também que muitos dos modelos de medida das mudanças climáticas têm uma abordagem métrica e matemática. Por outro lado, a visão dos povos e comunidades tradicionais sobre essas mudanças envolvem as cosmovisões atmosféricas, e que é preciso descolonizar o debate sobre os saberes e importância das populações locais sobre mudanças climáticas.

O debate nos deixa as seguintes reflexões: As populações tradicionais são sujeitos vulneráveis ou vulnerabilizados? Como os agricultores conseguem ser resilientes face às mudanças climáticas?

Texto: Paula Tavares - Discentes do PPGAA

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA) – Área de Concentração Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável, de responsabilidade da Universidade Federal do Pará/Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (UFPA/Ineaf) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa - Amazônia Oriental), no uso de suas atribuições legais, torna pública a retificação no Edital DE PROCESSO SELETIVO ESPECIAL PARA DOUTORADO EM AGRICULTURAS FAMILIARES E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (DAFDS),  PROMOÇÃO 2023.2, de 24 de abril de 2023, no item 5.1.Documentos necessários para a inscrição.

Se esclarece que, na versão retificada do edital, a qual pode ser acessada por meio do link que segue abaixo, o item 5.1.1.5.1. foi suprimido.

Acesse o edital retificado (03/05/2023)