Não cabe a vocês decidirem o que acontece aqui
O debate na disciplina “Mudanças Climáticas e a Amazônia” desta terça-feira, 25 de abril, pontuou diversas inquietações relacionadas ao dia da terra, com a chegada do Fenômeno “El Nino”, a evolução das políticas macroeconômicas de desenvolvimento regional e o cenário de (des) governança ambiental.
A discussão foi mediada pelo Prof. Dr. Valério Gomes - UFPA e o Prof. Dr. Gregory Thaler - Universidade da Geórgia, e teve como material de apoio o texto "Projeto Amazônia 4.0: definindo uma terceira via para a Amazônia", de Ismael Nobre e Carlos Nobre.
O professor Thaler apresentou sua pesquisa sobre as políticas contra o desmatamento que foram implementadas no contexto do PPCDAM e mostrou as articulações entre as diversas escalas de governança local, regional, nacional e global.
Nesse contexto, a meta de redução do desmatamento foi alcançada, sendo uma referência para pesquisas internacionais sobre o tema, porém prevaleceu uma lógica de comando e controle e ocorreu um deslocamento do aumento do desmatamento para outras áreas da Panamazônia como no caso da Bolívia. Nesse país houve um aumento do desmatamento ligado à atuação de grupos ligados ao agro brasileiro.
Ao longo da tarde, os tópicos abordados culminaram nas seguintes problematizações: Nós, Amazônidas, temos ou podemos ter voz sobre aquilo que é discutido, produzido ou imposto sobre o território do qual fazemos parte? A construção do conhecimento é genuinamente local e ancorado numa epistemologia dos saberes tradicionais? Ou a sofisticação da colonialidade opera, na atualidade, sob a lógica da imposição de uma visão sulista associada ao capital? Será mesmo que “quando o critério é biodiversidade, somos (Ismael Nobre/Carlos Nobre) o número 1 do planeta”? Quando a floresta estiver morta, ela terá papel fundamental no desenvolvimento 4.0 ou no (des) controle do clima?
As discussões na aula também provocaram reflexão sobre a capacidade das instituições da sociedade civil que atuam na Amazônia em avaliar seus erros e acertos em suas proposições que se tornaram políticas públicas nas últimas décadas. Sem reconhecer as construções de comunidades rurais organizadas para diminuir os efeitos das desigualdades sociais e emergência climática e sua potência em propor soluções, manteremos as mesmas problemáticas estabelecidas pelo capitalismo. Mais do que uma Era de Mudança, precisamos de uma Mudança de Era para Amazônia.
Texto: Texto: Iná Camila, Carlos Ramos, e Ana Felicien – Discentes do PPGAA