Verão o ano todo não germina feijão
Na última terça feira, 18 de abril, os alunos de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas - PPGAA, participaram de uma palestra ministrada pela Doutoranda e Pesquisadora Ana Felicien (INEAF) intitulada: “Conceitos chaves e evolução das políticas globais sobre o clima”. O tema abordado pela palestrante envolve fundamentos e conceitos discutidos na disciplina “Mudanças Climáticas” e sua experiência enriquece o debate atual sobre o clima.
Como um exercício inicial, foram discutidas as notícias da semana relacionadas às Mudanças Climáticas, reconhecendo que tem crescido nos últimos anos a discussão nacional e internacional sobre o uso do hidrogênio verde (H2V). O seu alto valor energético e a não emissão de gases de efeito estufa, tem atraído a atenção de governos e investidores. O Brasil possui atualmente três regiões de produção: Pecém (Ceará), Suape (Pernambuco) e Açu (Rio de Janeiro).
Será que estamos diante de uma nova commodity brasileira? O que isso representa para a Amazônia e seus povos?
O debate em sala seguiu com o estudo do Painel Inter Governamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) (2021), monstrando que as emissões globais de gases de efeito estufa aumentaram, e os riscos de eventos climáticos extremos também. Depois foram apresentados dados do Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Segundo este, em 2016 os setores de maiores emissões no Brasil foram a agropecuária (33,2%) e energia (28,9%). No estado do Pará, os setores com maiores emissões foram o uso da terra e florestas que inclui a conversão da floresta em pastagem (69%) e a agropecuária (19%). Estes dois setores também responderam pelas maiores emissões em toda a região Norte.
De acordo com os dados discutidos, o modelo de agropecuária vigente é apontado como grande emissor de gases, e na contramão dos acordos firmados para redução das emissões de gases de efeito estufa, o governo brasileiro investe em parcerias para construção de ferrovias e hidrovias na Amazônia, objetivando o escoamento da produção de commodities.
De que desenvolvimento estamos falando? Soberania alimentar? Para quem?
Justiça climática, mitigação, adaptação, litigância climática e fundos ambientais globais, foram alguns dos temas que atravessaram o debate, bem como o assustador desequilíbrio da participação científica nos resultados do IPCC. Nestas avaliações globais, são predominantes as publicações produzidas por centros de pesquisa do Norte global, e de áreas ligadas principalmente as ciências ambientais e ciencias da terra. Neste cenário, grandes desafios foram discutidos para pesquisas realizadas desde o Sul e com perspectiva interdisciplinar.
Texto: Carlos Ramos, Iná Camila e Jakson Gonçalves – Discentes do PPGAA